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19/07/2010

Minnelli e Van Gogh

Assistindo ao filme de Vincent Minnelli, Sede de Viver (1956), estrelado por Kirk Douglas, minha vontade de postar sobre Van Gogh só aumentou. O filme em si é puro Minnelli, a obra é rica em cores (e nesse caso, tratar a vida desse pintor caiu como uma luva, o cineasta é conhecido pela explosão de cores, figurinos e cenários extragavantes que empregava nas películas) e ilustra a amorosidade e a melancolia das situações sem um comprometimento mais profundo com a realidade, características comuns nos filmes de Minnelli (e porque não, do lado medíocre do cinema em sua Era Dourada). O diretor não se aprofunda na complexidade do homem que era Van Gogh. As maiores dificuldades pelas quais o artista passou estão lá, mas todas em passagens rápidas, o diretor prefere se focar mais no lado criativo que motivou Van Gogh a criar seus quadros. Nesse aspecto ele se sai bem, apesar do filme ser um conjunto de cortes rápidos e diálogos rasos, mais louvável pela parte estética (o diretor usa-se dos próprios quadros de Gogh para ajudar na composição da obra) e pela atuação acima da média de Douglas, um ator sempre mediano.

Vincent Minneli pode ser considerado um dos queridinhos dos musicais quando o gênero estava no auge, dois deles, Gigi e Sinfonia de Paris, ganharam o Oscar de Melhor Filme (Gigi arrebatou, surpreendentemente, 7 estatuetas), apesar de hoje em dia serem considerados musicais de segundo escalão, principalmente o primeiro citado. Sinfonia de Paris, com Gene Kelly no papel principal, que também retrata um pintor (dessa vez fictício), é uma verdadeira pintura em forma de cinema, principalmente o balé de 17 minutos no último ato.

Van Gogh, nascido na Holanda (1853 - 1890), é considerado um dos maiores pintores de todos os tempos. Seu estilo, pós-impressionista com tendências modernistas, teve dificuldades em ser aceito por representar a transição, não só do próprio estilo da pintura (Van Gogh assimilou características da pintura japonesa, como as cores fortes, para compor suas obras - não à toa, o grande diretor japonês Akira Kurosawa o homenageou no sensacional Sonhos) como da sociedade. Van Gogh foi um dos expoentes que influenciou a pintura do século XX. As influências de Renoir e Monet também são bastante notórias. Os quadros do pintor variam de cores (obscuras e de tons mais claros), de acordo com as mudanças pelas quais passou, tanto psicológicas (Van Gogh sofreu de vários transtornos mentais, chegando a ser internando num manicômio - todo mundo sabe que ele cortou a própria orelha), como de lugares em que viveu, principalmente a França. Apesar das dificuldades, o artista tinha uma enorme paixão pela vida, pela natureza e pelas pessoas (camponeses, principalmente), e queria capturar o mundo em seus quadros, queria impressões sinceras desse mundo que tanto amava (e nesse aspecto, Minneli com seu Sede de Viver é bem-sucedido).


Algumas obras do pintor:





















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