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31/05/2010

Romeu + Julieta (1996)


O diretor Baz Lurhmann, apesar de ter ainda uma filmografia extremamente pequena, já é um nome em Hollywood que causa controvérsias, admiração e repúdio. Isso se deve à ousadia empregada em seus filmes (muitos chamam de pretensão), principalmente nos mais conhecidos, sendo eles Romeu + Julieta e o musical Moulin Rouge, sua obra máxima.

Escrito pelo maior escritor inglês de todos os tempos, William Shakespeare, a trágica história de amor muitos conhecem: Romeu e Julieta são impedidos de ficar juntos por causa da rivalidade fatal de suas famílias, os Montéquio e os Capuleto, respectivamente. As obras de Shakespeare foram adaptadas para o cinema inúmeras vezes, mas nenhuma foi tão diferente quanto a de Lurhmann. O diretor escolheu transportar a história do século XVI para os dias atuais, mas sem tocar nos diálogos originais, ou seja, todos os personagens falam o inglês 'shakespeariano' em meio a carros conversíveis, arranha-céus e helicópteros. Está aí um dos motivos para a agitação ao redor do cineasta.














A idéia de Lurhmann funciona, em parte, pelo menos no que concerne a idéia principal. Logo nas primeiras sequências, quando vemos uma âncora anunciando a tragédia que está por vir seguido por uma luta entre os bad boys das duas famílias num posto de gasolina, somos introduzidos ao mundo de Lurhmann da forma mais natural possível, aceitando a licença poética sem muito contra-argumentos.

Romeu (Leonardo DiCaprio), na belíssima primeira aparição, nos é mostrado na praia de Verona Beach ao pôr-do-sol, Lurhmann dá o tom certo ao homem constantemente e intrisicamente apaixonado que é. Julieta (Claire Danes) é a jovem inexperiente, sensível porém de espírito forte sob a proteção do pai Fulgencio (Paul Sorvino). As asas de fada que a moça usa na festa a fantasia é uma das imagens mais marcantes do filme, simples (a única peça de caracterização usada por ela) mas que fala muito sobre a personagem. Falando dos coadjuvantes principais, temos o melhor amigo de Romeu, o extravagante Mercúrio (Harold Perrineau), o primo sanguinário de Julieta, Teobaldo (John Leguizamo) e o simpático Padre Laurence (Pete Postlethwaite), todas escolhas muito boas.



















O perfeito ritmo frenético que iria tomar conta de Moulin Rouge é encontrado nesse filme, porém, de uma forma bem irregular. Os cortes rápidos são, na maioria, realizados nas cenas mais agitadas (como a disputa entre as famílias já supracitada, o que é conveniente, claro). Entretanto, quando o filme é focado nas cenas de amor de Romeu e Julieta, a freneticidade arrefece para certo alívio do espectador, que provavelmente está tonto com a edição empregada por Lurhmann permeada pelos diálogos rebuscados (mas não se engane: o filme é 'nervoso' a todo o momento). A técnica não deixa de ser interessante, pelo contrário, em Moulin Rouge ela caiu como uma luva, entretanto, em Romeu + Julieta a técnica carece de maior cuidado. O que fica é a impressão que o diretor estava 'testando' seus métodos não-convencionais para futuros trabalhos, como um exercício estético na linha 'vamos ver no que vai dar'. E o pior: não dá para não pensar que Lurhmann possa ter usado em parte a idéia de transpor os diálogos originais com o intuito (agora talvez, pretensioso) de 'cobrir' as irregularidades do filme, como uma espécie de trunfo, já que o conteúdo do filme também carece de um trato mais passional.

Mas muitos aspectos são flores. DiCaprio, apesar de na época ainda não ser o grande ator que é hoje em dia, é bem competente em encarar o Romeu contemporâneo, ele possui um ar naturalmente apaixonado e tocante que cobriu por um bom tempo a falta de outras qualidades para fazê-lo um ator completo. Danes não é nem um pouco brilhante, na verdade, a atriz se mostra bem apagada, estaria perdida se não fosse pela força dos diálogos. Baz Lurhmann com certeza faz seu melhor com a dupla quase insossa. Perrineau e Leguizamo, por sua vez, se mostram mais experientes e dão aquela vivacidade faltante ao filme, assim como Postlewaite, em grau menor.















No final, o saldo é positivo. Lurhmann não exagera nos cenários, mantendo o capricho mas sem esquecer da praticidade contemporânea. É na festa a fantasia que o cineasta tem mais liberdade para empregar explosões de cores e explorar os personagens numa veia mais extravagante (principalmente Mercúrio e a madrasta de Julieta), tipos tão vistos em Moulin Rouge, quando Lurhmann definitivamente lavaria a alma.

30/05/2010

Delícia de rosto:
























































































E o que dizer das pernas?




















































Marlene Dietrich.

Uma das minhas poetisas preferidas

ARIEL

Estancamento no escuro
E então o fluir azul e insubstancial
De montanha e distância.

Leoa do Senhor como nos unimos
Eixo de calcanhares e joelhos!... O sulco

Afunda e passa, irmão
Do arco tenso
Do pescoço que não consigo dobrar.

Sementes
De olhos negros lançam escuros
Anzóis...

Negro, doce sangue na boca,
Sombra,
Um outro vôo

Me arrasta pelo ar...
Coxas, pêlos;
Escamas e calcanhares.
Branca
Godiva, descasco
Mãos mortas, asperezas mortas.

E então
Ondulo como trigo, um brilho de mares.
O grito da criança

Escorre pela parede.
E eu
Sou a flexa,

O orvalho que voa,
Suicida, unido com o impulso
Dentro do olho

Vermelho, caldeirão da manhã.

Sylvia Plath

Kramer vs. Kramer (1979)


A obra de Benton é uma mistura de literatura, atuações extraordinárias, improvisações e vida real, e é, sem dúvida, um dos melhores dramas familiares já realizados. Avery Corman explicou o cerne da obra literária Kramer vs. Kramer da seguinte maneira: As raízes do livro foram verdadeiramente extraídas dos meus sentimentos pelos meus dois filhos e o medo latente do que seria minha vida se perdesse minha esposa. O filme que se seguiu, baseado no livro e dirigido por Robert Benton, é estrelado por Dustin Hoffman, que muito diferente de Corman, estava passando na época pelo seu primeiro divórcio, e Meryl Streep, que coincidentemente, tinha acabado de se separar do namorado.

Vamos à história. Ted Kramer (Hoffman) é um pai de família que nunca deixou de prover econômicamente as necessidades de sua mulher, Joanna (Streep) e de seu filho Billy (Justin Henry). O problema é exatamente esse, Ted estava tão ocupado colocando seu trabalho em primeiro lugar, que se esqueceu de olhar para a família de uma forma interina. Assim Joanna, depois de não aguentar mais a vida infeliz que estava levando, sem metas e bastante depressiva, resolve abandonar o marido e o filho, alegando que será melhor para todos, principalmente para Billy. A partir daí, Ted terá que cuidar do filho sozinho e tentar equilibrar o trabalho, que ocupa a maior parte do seu tempo, com a responsabilidade de cuidar do garoto.














O protagonista de A Primeira Noite de um Homem foi a primeira escolha de Benton, entretanto, Hoffman relutou bastante antes de aceitar o papel, justamente por estar passando por uma situação semelhante à do filme, mas depois de algumas conversas, uma melhor compreensão da obra de Corman e um dedinho do destino, ele acabou aceitando o papel que lhe renderia o Oscar de Melhor Ator, um prêmio mais que merecido devido à sua atuação soberba. Já Streep, que estava louca por um trabalho, aceitou o papel sem maiores complicações, sua atuação não é menos brilhante que a de seu colega de trabalho, e acabou levando o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, apesar de Joanna está longe de ser um personagem que mereça o título de coadjuvante. Não posso esquecer, de forma alguma, da atuação de Henry. O garoto está sensacional, faço das palavras do produtor Stanley Jaffe as minhas, que disse nunca ter visto uma atuação melhor do que a de Henry entre os atores mirins, empatando talvez com Tatum O'Neil em Lua de Papel. A interação dele com Dustin Hoffman é a mais natural que se poderia alcançar, tanto que o ator disse que sentiu ter ganhado outro filho enquanto filmavam. E por fim temos a ótima Jane Alexander, que interpreta a vizinha e amiga do casal, que após a separação se aproxima mais de Ted (sempre como amiga, bom ressaltar) e o ajuda em parte a cuidar do filho. As conversas casuais entre os dois são maravilhosas, a naturalidade é sem dúvida um dos grandes triunfos do filme, e Alexander ter concorrido ao Oscar de Atriz Coadjuvante apenas mostra como a obra foi felizarda em atuações.

















O espetáculo entre Hoffman e Henry pode ser visto em três seqüências em particular: a primeira é no dia seguinte ao término do casamento, quando o pai vai fazer rabanada para o filho e se atrapalha todo. Hoffman improvisou na cena (como fez em boa parte do filme, o diretor até sugeriu que seu nome entrasse nos créditos do filme como roteirista, mas o ator recusou) e criou um clima perfeitamente equiparável com a realidade desesperada de um homem que acabou de ser largado pela mulher que ama e não faz a mínima idéia de como vai se virar sozinho com o filho, que antes era 'uma preocupação' apenas aos finais de semana, pois naturalmente o encargo de criar o menino era da mãe. A segunda é quando a relação entre pai e filho ainda está em processo de maturação, os dois estão jantando, Billy rejeita a comida e sem ligar para a ordem do pai, pega um pote de sorvete e o abre com a cara emburrada, quando vai dar a primeira colherada, Ted pega o menino e o joga violentamente na cama, os dois ainda trocam pesados insultos. A cena foi concebida por Hoffman, que passou pela mesma situação com a filha pequena, e Benton, sempre receptível, aceitou sabiamente inserir a seqüência. E a terceira, é já no final, quando os dois estão no limiar da separação em função da perda do pai da custódia do filho, bem diferente do dia seguinte à separação, agora os dois finalmente criaram laços eternos, a rabanada é feita delicadamente e sorriso sutis e afetivos são trocados, em uma das cenas mais sinceras do cinema.


Sim, há a briga de quem vai ficar com o garoto. Depois de acompanharmos intimamente todo o processo de crescimento afetivo entre pai e filho, um processo árduo (e o acidente de Billy serve para mostrar a instabilidade do processo), Joanna volta para a vida dos dois, sua aparição atrás de um vidro de uma lanchonete faz lembrar um fantasma do passado que retorna para destruir o que foi construído com tanto esforço. Não é difícil para nós vermos Joanna como uma 'vilã' quando reaparece, afinal, agora que tudo está no controle, o que uma mãe, que teve a coragem de abandonar o filho, tem a dizer em sua defesa? Apesar de termos entendido a infelicidade da mulher em continuar no casamento, é quase impossível não ter essa pergunta martelando na cabeça. A raiva que Ted sente ao conversar com a ex-mulher em um restaurante, jogando uma taça de vinho na parede (genialmente improvisada), é a nossa raiva.



Apenas no tribunal é que a figura materna de Joanna volta a ter forma. Através de seu discurso (que foi drasticamente mudado pela própria atriz), sentimos que ela ama verdadeiramente o filho, e que não foram apenas Billy e Ted que cresceram. Joanna também mudou, sua 'fuga' foi uma saída desesperada (talvez a única possível) em busca de um caminho para o encontro em si mesma, para um desenvolvimento espiritual que a deixasse menos infeliz, enfim, um processo de descobrimento, tanto para ela quanto para o marido e o filho, que seria impossível ser atingido se ela continuasse nesse ambiente familiar, que a sufocava. O filme também pode ser facilmente classificado como um dos melhores dramas de tribunal, apesar de não ser esse o foco principal. Talvez a resolução final possa parecer um pouco forçada e piegas no primeiro momento, entretanto, se formos tatear por todo o filme, acabamos percebendo que não haveria outro jeito de terminá-lo, é o 'clichê' imitando a vida, logo, perdoável, ou melhor, louvável.


Além dos prêmios citados, Kramer vs. Kramer também levou o Oscar de Melhor Filme, Diretor e Roteiro Adaptado, muitos consideram os três últimos prêmios injustos em vista de um grande concorrente, a poesia sensorial Apocalypse Now, mas eu não vou nem ousar discorrer sobre esse fato ou fazer algum tipo de comparação. Apenas sei que o filme vencedor é muito mais que um passatempo, é um retrato incrivelmente tocante da mais pura realidade.

29/05/2010

Divas



Nicole Kidman















Audrey Hepburn


















Grace Kelly


















Bette Davis


















Katharine Hepburn

















Brigitte Bardot



















Penelope Cruz

















Monica Vitti



















Kate Winslet


















Marlene Dietrich














Girls, girls, girls, we love them.

Um Homem Sério (2009)


O trabalho mais recente dos brilhantes irmãos Coen, apesar de muitas críticas negativas, é muito mais que bom. Ninguém lida com a violência, com o humor e com a tragédia humana (esse dois últimos aspectos sendo os maiores desse filme) como a dupla. A obra demora um pouco para decolar, para gerar uma simpatia com o público, mas quando o faz, sai matando. Mesmo com uns deslizes o filme é impressionante.










































Eu não fiz nada!


Porque tudo é uma questão de perspectiva.

A mulher viva mais linda do cinema:
































































































Segundo cientistas americanos, Aniston possui as pernas mais perfeitas do mundo.

28/05/2010

Lenda do nosso tempo






































Heath Ledger e baby daughter. Fofos.

O que seria de nós sem os meninos?




Charlie Sheen



















Marcello Mastroianni



















Johny Depp




















Jake Gylenhaall



















Heath Ledger















Boys, boys, boys, we love them.

Meu canto:



































Muita cultura e nenhum dinheiro no bolso.

27/05/2010

O Galante Mr. Deeds (1936)


O italiano Francesco Rosario Capra, mais conhecido como Frank Capra, fez carreira nos Estados Unidos e é considerado um dos melhores diretores da Era Dourada de Hollywood. Sua carreira pode ser dividida em duas fases: na primeira, realizou comédias como Loura Sedutora, Loucura Americana e Aconteceu Naquela Noite, essa última sendo a primeira vencedora das cinco principais categorias do Oscar (feito repetido apenas por Um Estranho no Ninho e O Silêncio dos Inocentes) que consolidou a carreira de Capra. Entretanto, após receber o conselho de um desconhecido, o diretor passou a fazer filmes 'a serviço de Deus', deixando a sensualidade e a anarquia de lado e partindo para um viés sentimental, com histórias moralistas e personagens com características bem definidas, criando assim as comédias conhecidas como "capraescas". Ele foi o primeiro diretor que foi tão reconhecido quanto seus filmes, um fato inédito, levando multidões aos cinemas, que queriam ver suas obras sem ligar muito para quais atores estariam estrelando-as, apesar de todos serem grandes artistas, como Jean Arthur, Gary Cooper, James Stewart e Lionel Barrymore. Assim como Hitchcock, seus filmes são de fácil identificação, utilizando-se de uma forma infalível, pelo menos para época.

O Galante Mr. Deeds é a película que inaugura essa fase sentimentalista de Capra. Longfellow Deeds (Gary Cooper) é um escritor de poesias de cartão e tocador de tuba que vive tranquilamente em sua cidadezinha de Mandrake Falls. Quando ele recebe uma herança milionária de um tio distante, Deeds vai para Nova York e vira um homem de negócios. O problema é que todo mundo quer tirar algum proveito desse simples e honesto homem, seja tentando administrar seus negócios ou transformando-o em objeto de chacota através da mídia, Louise 'Babe' Bennett (Jean Arthur) faz parte do segundo grupo. Ela é uma jornalista que finge ser uma pobre coitada chamada Mary Dawson para obter informações do novo milionário. Babe tira a sorte grande quando um escritor leva Deeds para uma noitada, o pobre homem se embebeda e sai fazendo 'loucuras' pela cidade, como dar donuts para cavalos e ficar só de cueca, a mídia não perde a chance e cai em cima, distorcendo todos os acontecimentos. A situação piora quando Deeds resolve doar todo o seu dinheiro para os necessitados, ele é taxado como louco pelos aproveitadores (incluindo alguns parentes que alegam ter direito à fortuna) e vai a julgamento, que vai decidir sobre sua sanidade.
















Vários aspectos utilizados por Capra em seus filmes posteriores, como Do Mundo Nada Se Leva, A Mulher Faz o Homem e A Felicidade Não Se Compra, podem ser encontrados na obra em questão. Por exemplo, aqui temos um homem que não dá a mínima para o dinheiro, sua indiferença ao saber da notícia que ganhara uma bolada chega a irritar, sua reação (ou a falta dela) é irreal demais. Outro aspecto é o carinho 'sem nada em troca' que os habitantes de Mandrake Falls sentem por Deeds, sem ele ter feito nada grandioso pela cidade. A sua despedida da cidade não poderia ser mais 'capraesca', ao som de "Auld Lang Syne" (também conhecida como "The Song that Nobody Knows"), tão utilizada em outros filmes do italiano, essa canção é um 'golpe baixo' de Capra, por ser tão comovente e marcante. Os aproveitadores, ou o 'eixo do mal', também é constante em suas obras, sejam na forma de parentes, políticos, bancários ou empresários. Em O Galante Mr. Deeds nem os artistas foram poupados, como na cena em que vários escritores se mostram superiores tirando sarro do protagonista por ele escrever 'poemas de cartão'. Entretanto, em meio à todos esses corruptos e pessoas de má índole, alguns acabam se convertendo, deixando o dinheiro e a sede pelo capital de lado e reconhecendo o poder da humildade, dos amigos, da justiça e do amor.
















Essa fórmula funciona. Talvez não dê mais certo hoje em dia, mas Capra soube criar um ambiente utópico onde o espectador é capaz de acreditar que aquilo possa realmente acontecer. Capra sabia jogar. Em Do Mundo Nada Se Leva, a inacreditável família de Alice Sycamore (Arthur) é tão surreal que se torna objeto de desejo. É também incômodo para o espectador, que acaba se identificando mais com os loucos por dinheiro do que com o 'eixo relax do bem'. E quem não sente uma pontada de inveja ao ver Martin Vanderhof (Barrymore) e George Bailey (Stewart) rodeados por uma penca de amigos, todos dispostos a ajudá-los nos maiores perrengues? Sem contar o carisma que exala de cada poro desses personagens. É aí que reside a jogada de mestre do diretor, pois queremos ser como esses homens justos e honestos, que não tem nada de extraordinário, pelo contrário, são homens comuns (e ingênuos, dependendo do ponto de vista). É por essa razão que a força da obra de Frank Capra se estende até hoje, afinal, mensagens de esperanças e de uma possível mudança para melhor nunca ficam datadas, apesar de no caso dos filmes de Capra, estarem inserida em contextos utópicos.

Talvez toda essa estrutura não seria tão convincente se o diretor não contasse com uma gama de atores talentosíssimos. Nesse filme, Jean Arthur está, como sempre, muito bem, uma atriz sempre contida e competente, nunca tentando ser maior do que é. Sua personagem não fica à sombra do protagonista, ela serve como uma força construtiva para ele, apesar de seus métodos nesse filme não serem sempre ortodoxos, como nas outras obras. Gary Cooper está maravilhoso, destaque para a seqüência do julgamento, onde ele se mantém calado na maior parte do tempo, pronunciando apenas um 'não' ao ser perguntado se teria algo a dizer em sua defesa. Seu silêncio, enquanto todos o acusam alegando as mais estapafúrdias afirmações tentando torná-lo uma ignomínia reforçam a idéia principal de Capra, que é a de fazer de seu protagonista um objeto imaculado no meio de tanta sujeira. Entretanto, a defesa de Deeds se torna um tanto forçada, o que acaba afetando um pouco a qualidade do filme, que pode ser considerada uma obra menor se comparada aos filmes seguintes.





























Para terminar, um fato curioso é que Mr. Deeds teria uma continuação estrelada também por Cooper e Arthur, que se chamaria "Mr. Deeds Goes To Washington". Mas o diretor acabou optando por fazer uma obra 'completamente' diferente, daí surgiu A Mulher faz o Homem ("Mr. Smith Goes to Washington" no título original), com Stewart e Arthur, uma das obras-primas de Frank Capra. Nesse filme, o diretor eleva o personagem de Stewart a um patamar ainda mais incorruptível, como se fosse uma 'evolução' de Deeds, a fórmula funciona tão bem que o seu discurso final clamando por justiça é um dos momentos mais marcantes do cinema.



Outros trabalhos de Frank Capra (um dos meus diretores preferidos):



A Mulhez Faz o Homem














A conteceu Naquela Noite (1934)
















Do Mundo Nada Se Leva (1938)














A Felicidade Não Se Compra (1946)







O melhor diretor datado de todos os tempos.