A gente nasce
E não nasce mais
A gente morre
E não morre mais
Do pouco que sei
Só sei de mim
E mesmo assim
Não tenho certeza de mim
Só nasci e sou indizível
Tenho certeza
Acho que mais sinto - em plenitude -
Do que sei
Tenho apenas lapsos infrutíferos
Dos outros
E de tudo que não está
Atolado no meu corpo
Mas também dentro dele
É impenetrável
Sinto a batida do coração
E uns barulhos no estômago
E algumas outras coisas
Dor passageira que volta
E felicidade passageira
Será que volta?
Ócio conturbado
Carros, tantos
Tanta felicidade!
É isso que me deram
Eu não pedi nada
Mas agora eu quero tudo
Injusta prisão!
Perfeita e misteriosa
Quebrável a qualquer instante
Parrudo de olhos vendados
Por um véu natural
e frouxo
Porém,
Amarrado com a destreza de uma raposa
Que em sua totalidade de deusa
Engana o homem
Ninguém nunca vai ser uma raposa
Nem consigo ver se há uma alma aqui dentro
Para acalmar os dias
Que já foram e são
Impressões gregas
Ninhos quentes invisíveis
À mente, sempre ela
A gente nasce guerreiro
Eles dizem - completos -
Eles só
não dizem
Que os inimigos
Estão na porta do hospital
Esperando
Para nos receber
Carregando flores
Ainda sem espinho
Mas louco para brotar
E reinar no despotismo
Posto
Aceito
Eles não dizem
Que as armas e a armadura
Estão pelo caminho - escondidas-
Talvez nunca serão achadas
Talvez só algumas serão
Para defender certas partes
Essas que são o eterno agarrar-se
Ao último suspiro, à faísca-serpente
À ordem dos homens
E ao Jesus nas tripas
Ao feixe de luz do vagalume
Outro deus
Outras partes serão perdidas
Ou nunca ascendidas
Nunca sabidas
Nunca sentidas
Talvez imaginadas
Nesse meu único caminho
Iluminado até o fim.
Gian Luca
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2 comentários:
"A gente só nasce uma vez". "A gente só morre uma vez". Acredito q sim, mas certas pessoas adeptas de religiões como Espiritismo, budismo e hinduísmo proclamam q nascemos e morremos diversas vezes.
Muito bem escrito o texto.
Tudo de bom!
Minha parte favorita é:
"Do pouco que sei
Só sei de mim
E mesmo assim
Não tenho certeza de mim..."
Mas gostei imensamente do poema inteiro.
Beijo Gian!
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