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30/09/2010

Rainha

Eu sou uma rainha - Uma fênix branca e manchada
Um crânio - Sem bebês
Meu Rei existe - Um porco minúsculo
Meus súditos - Todos porcos médios

Porcos, porcos, porcos
Eles comem como porcos
Cagam como porcos
Morrem como porcos
Todos, todos

Eu nunca escrevi nada
E eles me idolatram
Como podem idolatrar alguém
Que nunca escreveu nada?

Apenas porque sou vermelha e efêmera
Eles me idolatram
Não existe outra explicação, não existe
Eles guincham e agarram as minhas vestes (não parem!)

A minha solidão é terrível - Ganchos e camas e comida
Eu rezo - Fraca
Para alguém me salvar - Um homem grande
Por favor, por favor...

Eu acho que Deus abandona as rainhas - O terror de ser amada
Elas são muito poderosas
Ele é muito homem

Mesmo assim
Por favor, por favor...

Gian Luca.

29/09/2010

Eu não vejo

Eu não vejo – O céu é um cobertor de ônix

Ele não vai me dar jóias. Ele é feito de pedras

Ele vai me dar apenas mais uns dias, uns dias

Que chatice

Viver sob a prepotência de Deus

Quem Ele pensa que é

Para destruir o meu nada

E não me dar jóias? Não me dar jóias?

Deus extinguiu todo o monóxido de carbono

E não vai me dar jóias

O céu é um cobertor de ônix

Antes era de rubi e eu ainda amava

Queimava, não reinava

Agora eu sou gelada como um peixe de feira

O olho penetrante é algo que me resta – O olho é uma harpa

Eu escrevi poesia com esse olho

Pena que ele será arrancado por uma velha

Na ceia dos Vivos

Porque o céu é um cobertor de ônix

E as pessoas o sentem, por milagre.


Gian Luca

28/09/2010

O Rei e Eu

O professor de literatura inglesa tinha acabado de fazer uma interpretação, junto aos seus alunos, de um poema de Robert Burns, o grande escocês. Eu estava pensando sobre o poema, achando que não ele era tão simples como parecia, como todos ali naquela sala estavam pensando que era, inclusive o professor, para o meu horror. Após perguntar se alguém tinha alguma dúvida sobre o poema, eu hesitei, mas não resisti e perguntei:

- Professor, eu acho que tem algo errado na interpretação que vocês fizeram. Só para ver se eu entendi direito: o que você e o resto da turma estão alegando é que o eu lírico do poema não quer que a sua amiga declare seu amor por ele afim da amizade entre os dois não ser perturbada, é isso?

- Sim, Fred. Ele prefere manter a relação como está, e tem medo que se a mulher do poema declare seu amor, a amizade entre os dois possa terminar. Como o Carlos disse, provavelmente esse poema representa um prelúdio para o que viria a ser um grande tema do Romantismo: o amor platônico.

Eu estava cada vez mais aterrorizado e disse, movimentando minhas pernas do jeito que a cafeína permitia:

- Mas professor, isso não faz sentido algum. Admitindo que o eu lírico do poema seja hétero, como é possível que ele recuse o amor de uma mulher por causa da amizade? Aliás, meu Deus, como é possível que um homem hétero tenha amigas, em primeiro lugar?

A turma estava entediada, como sempre. Eu era sempre o estertor fugaz daquelas pequenas cabeças. O professor e eu não ligávamos para esse fato, é claro, então ele continuou, achando meu argumento muito interessante:

- Fred, eu acho que ele podia ter muito bem amigas e não querer ser mais que um amigo para elas. Porque não?

Eu estava ansioso, prossegui:

- Mas é porque eu não consigo conceber essa idéia: a de um hétero ter amigas e não sentir desejo sexual por elas. Para mim é inconcebível a idéia do eu lírico estar negando o amor dessa mulher, a não ser que ele seja gay, o que eu acho que não é o caso. Até mesmo se ele fosse casado, seria mais um motivo dele não ter amiga nenhuma.

- Fred, aonde você quer chegar? Eu não estou...

- Eu quero dizer que...

Uma amiga minha, louca para que aquela discussão sem propósito terminasse (pois o único propósito em que ela acreditava era o de viver na ignorância total) se pronunciou:

- Fred, você é gay, certo?

Eu acenei afirmamente com a cabeça, vitorioso, já sabendo que meu propósito fora atingido. Ela continuou:

- Então, você é gay e você tem amigos homens, gays ou não, certo? Você por acaso sente desejo sexual por todos eles?

A sala tinha saído consideravelmente daquele estado de torpor pós-moderno. Eu sorria e respondi:

- Mas é exatamente esse o ponto aonde quero chegar: eu sinto atração sexual por todos, ou por quase todos os homens que eu vejo ou me relaciono. Apesar de eu não querer ir para cama com todos eles, ou beijá-los. Então eu acho que o eu lírico se refere a um homem. O eu lírico, sendo hétero, não quer comprometer a amizade com seu amigo gay, que está totalmente apaixonado.

Agora a sala estava atenta. Finalmente! Era como se o espírito do Caxinguelê de Lewis Carroll tivesse desencarnado daquelas almas mortas. A minha amiga apenas disse, derrotada:

- Então está certo, se você pensa assim. Mas eu ainda não concordo. Eu não sinto atração por todos os homens.

É claro que ela não concordava. E é claro que ela sentia atração por todos os homens, exceto talvez, os sem nariz ou orelhas.

O resto da discussão não precisa ser relatado aqui. Meus argumentos eram mais fracos que frascos, claro que eu sabia disso, até sentia um pouquinho de arrependimento. Mas que se danasse a minha ignorância, eu já tinha ganhado a atenção de todos naquela sala, logo, eu já tinha ganhado o dia.

Atenção é essencial.

Moving on, little people!


Gian Luca

Odeio, odeio

detesto toda escrita
virar poesia
como essa.





Gian Luca.

Educação Física

a educação física é uma
prática
nazista
somente para os machos pequenos
muito pequenos as bichas ficam
de fora
ou se matam aos 40.





Gian Luca.

27/09/2010

Nada ao mesmo tempo

Hoje em dia você le
cuida do filho faz sexo telefona tudo ao mesmo tempo
compra no e-bay pra economizar tempo.








Gian Luca.

Hitler Lua Fria

O século XX foi um
horror.





Gian Luca

lá lá lá

A liberdade poética
Dá-me uma liberdade
absurda e me deixa cheio de

dúvidas





Gian Luca

25/09/2010

Eu não sei porque escrevi isso

Eu tenho pena de você
Porque você nasceu
E agora vai ter que viver, ou seja,
Arcar com todas as consequências
É, meu querido,
Você vai ter que arcar

Você nasceu por acaso e por acaso
seus pais não te maltraram na infância e por acaso
você não morreu atropelado e por acaso
você é um homem que gosta homem e por acaso
você teve um cachorro e por acaso
ele não fugiu do inferno e por acaso
você estudou em escola particular e por acaso
você teve poucos amigos e por acaso
eles estão todos perdidos como garrafas plásticas

Por acaso você não namorou e por acaso
você nunca viajou para o exterior e por acaso
você teve crises de melancolia e por acaso
você começou a tomar medicamentos aos 12 e por acaso
você os toma até hoje e por acaso
eles não fazem efeito nenhum e por acaso
você morre de raiva e por acaso
você não sabe o que está acontecendo com você

Por acaso você nunca fez teatro e por acaso
ninguém nunca descobriu que você foi um grande ator e por acaso
você virou professor e por acaso
você viu sua arte reprimida e por acaso
você continua sozinho e por acaso
seus amigos continuam sendo garrafas plásticas e por acaso
você está em busca de um terapeuta e por acaso
você odeia academia e odeia praia e odeia festas
e por acaso você ama
e por acaso você é uma pessoa ruim e por acaso
você tem um melhor amigo e quer protegê-lo de todas as coisas ruins

Por acaso você nunca ajudou ninguém e por acaso
você achou que as suas esmolas não foram suficientes e por acaso
você nunca foi numa creche e num asilo e por acaso
ninguém próximo a você morreu e por acaso
você nunca fui num enterro e por acaso você
tem pavor da morte e por acaso você vive
pensando em doenças e por acaso
você nunca ficou gravemente doente e por acaso
um cachorro vai cagar na sua lápide dez anos depois
das sua morte

Por acaso você escreve e é um gênio e por acaso
você sabe o que é bom gosto e por acaso
você não sabe o que é ter bom gosto e por acaso
você não tem bom gosto e por acaso
você nunca visitou o Louvre e por acaso
você nunca foi ao Coliseu e por acaso
você não sabe de nada

Por acaso você ofendeu seus pais e por acaso
eles não são confiáveis e por acaso
eles não te dão medo e por acaso
você está lendo Cora Coralina e por acaso
ninguém nunca vai escrever uma biografia sobre você
como devem ter escrito sobre a Cora Coralina

Por acaso quem te ama você não ama e por acaso
você ama quem não te ama e por acaso
você sabe que a sua vida vai ser sempre incompleta e por acaso
você sempre deseja o melhor paras as pessoas nem que isso te custe
lugar algum ao sol

Por acaso você odeia esportes e por acaso
você não tem dinheiro e por acaso
ontem você assistiu O Velho e o Mar e por acaso
você nunca leu o livro e por acaso
você acordou hoje ainda vivo e por acaso
você escreve isso e por acaso
você sabe que terminar um poema assim é totalmente clichê.

Gian Luca

24/09/2010

Mar

O mar é horrendo
Ele arruinou a minha vida

O mar é horrendo
Ele se movimenta
Como uma criança paraplégica
Ansiando por mais e mais
E sendo eterno, divino
Eterno, divino

Eu odeio o mar
Decidido
Tão calmo como se ninguém
Houvesse morrido até hoje

(Pelo contrário, ele esconde os ossos,
o horror!)

Surdez, é o que você quer
Você quer o fácil
Você quer o mar

Eles me alimentam
Através de frascos o vidro
Que não quebra como cataplasma
Eterno, divino

Sopa rala e uma visita à praia
A família no mar - Argonautas

O mar é horrendo
E isso não me faz humano.

Gian Luca

21/09/2010

00/00

Os discípulos dormiam
A Virgem Maria estava morta e
Maria Madalena estava morta e
Deus estava morto
Eu vivia
Ele também

Faltava apenas um dia
Mas era quase um insulto
O jeito como Ele e eu nos sentíamos vivos
Porque eu iria morrer também
Ah, eu iria morrer

Eu despi sua bata de fino linho judeu
E observei por alguns segundo aquelas costas
Lisas como as de uma boneca
Cada curva e saliência como um rio de pérolas
Seu cabelos pareciam raízes de ouro
Uma cachoeira impedida de continuar

Eu O virei mas não mirei diretamente nos olhos
Primeiro olhei para o peito, uma mansão
Parecia haver querubins abaixo do jardim ao meio
Que ansiavam para jorrar
Mas era apenas Seu coração
Desavisado
Como eu queria cuidar daquele coração...

Nossos olhos se tocaram
Os meus deviam ser uma vergonha
Na frente daquele par de ônix - dois duros
As minhas esmeraldas eram vulgares, de puta mesmo
Eu tive vergonha
Mas Ele me via muito além
Sorriu por eu não conseguir achar a minha verdade
Porque eu era tão d'Ele, mais que um homem
Mais que uma mulher, mais que um
anjo

Os lábios eram finos e pálidos como a bata
Os meus eram sanguíneos demais - ansiedade, ansiedade
Ele os acalmou e os acalmou
Eu me tornei branca também
Lisa, perolada, seca

Coxas, pêlos*,
Braços em redemoinhos
A cachoeira querendo continuar
Os querubins enlouquecidos
As pérolas feridas
As flores do jardim sendo nutridas
A brancura, a brancura

Eu sempre protegido, sempre, sempre
Eu não iria controlá-Lo
Eu era o pássaro
No redemoinho
Eu era a Sua força

Eu sentia a bata sob meus pés
Eu pisava na bata e gargalhava
A palidez d'Ele sentida no meu queixo desossado
Agora meu sorriso era quase um sorriso
Agora a bata era sagrada
Agora eu era sagrado

Como eu me divertia com a expressão d'Ele
Os querubins agora no Seu rosto
Fluxos de verdade, linhas, linhas
Aqueles ferimentos eram a cura do mundo
Os querubins em silêncio era apenas cansaço
As flores estavam saciadas e a cachoeira
Impedida novamente

O amanhã nosso seria apenas uma exposição desnecessária.

*Ariel - Sylvia Plath

Gian Luca

20/09/2010

Breakdown

Eu já deixei escapar várias vezes
A cada crise eu
Deixo escapar
Um silêncio

Eu poderia gritar
Eu poderia até chorar como os fracos
fazem
Mas eu deixei escapar
Um silêncio

O silêncio é uma pérola
O silêncio é a inspiração, a dor e
a morte, sempre a morte, sempre

O silêncio é a mais pura criação
a morte morte morte morte morte morte morte morte
Oito
Número terrível
O silêncio é a vida, a vida

A cada crise eu
Deixo escapar um adulto magro
E engulo uma criança ela
é a criação, a vida, a morte.

-----------------

Many times I've already let escape
In each breakdown I
Let escape
A silence

I could have screamed
I could have even cried like the weakers
Do
But I let escape
A silence

The silence is a pearl
The silence is the inspiration, the pain and
the death, always the death, always

The silence is the most pure creation
the death death death death death death death death
Eight
Awful number
The silence is the life, the life

In each breakdown I
Let escape a skinny man
And swallow a child girl she
Is the creation, life and death.

Gian Luca

19/09/2010

Dois grandes tributos e uma grande animação.



Audrey Hepurn: Entra fácil na lista das cinco maiores atrizes do cinema.




Greta Garbo: Garbo era sempre Garbo, mas seus traços duros como a vida humilham o restante.





Betty Boop laranjinha: Faz até frente ao filme da Disney, não?

18/09/2010

Senhoras e senhores: Gian Le Fou

Eu nunca namorei. Olha que idiotice: uma pessoa como eu, amante da arte mais fina (tudo bem, eu ouço Lady Gaga e às vezes dou uma espiadinha na novela, admito) começando um texto em prosa (algo que eu ainda nao costumo fazer, a não ser algumas críticas de filme, que por sinal, faz tempo que não escrevo uma) falando em namoro. Mas entendam: eu tenho quase vinte anos e cada vez mais tenho a sensação que eu não vivi absolutamente nada, minha vida é uma página em branco (eu vou usar muitos clichês nesse texto, acostumem-se, mas acho que vocês não ligam muito, não é?). E essa sensação vem principalmente de duas coisas: a que eu já falei, de eu nunca ter namorado, e também a de eu nunca ter criado laços fortalecidos de amizade . Eu nunca briguei sério com ninguém, nunca bati em ninguém, nunca apanhei, nunca traí ninguém, nunca fui traído, nunca mandei flores no dia dos namorados (eu falei que eu iria usar clichês), nunca fui a pessoa mais importante na vida de ninguém (por favor, não pensem em família nesse caso, seria humilhante demais), nunca fiquei uma semana transando adoiado com meu namorado, nem viajei para as montanhas, nem tirei aquelas fotos muito legais de um casal dividindo um sorvete (eles ainda fazem isso?). Sabe o Orkut? Então, eu nunca coloquei 'namorando' no meu perfil, as pessoas devem ter uma satisfação enorme quando trocam de status...

Acho que meus amigos não sabem, mas eu morro de inveja quando eles me contam que brigaram com o namorado, ou quando eles me contam que terminaram e partiram para outra, pois eu nunca parti para outra, na verdade, eu nunca parti, quer dizer, eu nunca comecei, então eu nunca terminei nada. Minha vida, uma página em branco. É branco, branco, branco, como os crânios de Sylvia Plath.

Ah, falando em amizade. Bom, eu amo meus amigos, apesar de saber que eu poderia ter aproveitado muito mais a companhia deles e ter deixado as minhas besteiras pseudo-intelectuais de lado. Como eu vou ter amigos falando de Marlon Brando ou de Anne Sexton? Acorda, Gian!! É por isso que eu nunca passei um ano novo com algum amigo. Você tem que entrar numa companhia de petróleo e ir no show do Bruno e Marrone, dançar até morrer e vomitar caipirinha. Detalhe: Você TEM que fazer isso TODOS OS FINAIS DE SEMANA, para manter aquela regularidade inebriante de estar aproveitando a vida. Esqueça Clarice Lispector e Marilyn Monroe, elas estão mortas e enterradas (eita, clichê bonito!!), então ninguém quer saber de você falando de defuntos, até a Madonna ninguém suporta mais...Esses dias eu mostrei meu livro de fotos da Monroe para uma turma que eu dou aula e eles disseram que os peitos dela eram 3:45 (sei lá que merda é essa, só sei que elas não queriam saber que ela foi casada com um dos maiores escritores do século passado).

Mas vou ser justo. Eu tenho amigos que até gostam de me ver falando das frases clássicas de O Mágico de Oz ou do roteiro de uma Uma Rua Chamada Pecado. Tem uns que até gostam de me ver citando Sylvia Plath. Eu acho lindo, morro de tesão, mas isso é tão duradouro quanto um bom banho quente.

E eu não vou ser prepotente também: eu ainda não li centenas de livros obrigatórios e não vi centenas de filmes obrigatórios, então não sou expert nisso, na verdade não sou expert em nada, o fato de eu não ter autoridade sobre coisa alguma me atormenta como o corvo de Poe. Perceba eu falando de obrigatoriedade na cultura, ao invés de estar pensando em mudar de curso e fazer Odontologia ou algo parecido. Branco, branco, branco, branco, como os crânios de Sylvia Plath.

Ah, profissões! Eu acho que sou anti-social porque eu odeio a maioria das profissões. É sério, passar a vida num barco analisando sei-lá-o-quê do petróleo ou estudando arcada dentária? O homem já tinha que ter criado robôs para quase todas as profissões: para a medicina, engenharia, odontologia, biologia, arquivologia (I beg your pardon?), análise de sistema, licenciatura, biblioteconomia (HAHAHAHA). A única coisa que robôs não são capazes de fazer é a de criar arte (se bem que eu li na Super Interessante que existe um software que cria sinfonais melhores que a de Mozart!). Daqui a pouco a gente vai tá lendo Best-Sellers (a massa ama) escrito pelo robô 25411-256211455411. Até mesmo a área da psicologia tinha que ser regida por robôs, porque psicólogos não servem para nada, psiquiatras muito menos. Esses dias eu fui em um e ele me disse que eu não iria ficar louco, pois loucura é coisa de rico. Além de ter me atolado de remédios (que por sinal eu nem fui lá pegar a receita pois meu plano de saúde está atrasado), ele ainda me achou com cara de pobre. O pior que eu sou mesmo. Pobre tem cara de pobre. Freud explica.

Eu queria mesmo ser um escritor renomado, culto, que seria estudado por gerações e gerações. Eu às vezes até penso em arriscar e escrever sobre dois vampiros apaixonados e ganhar muito dinheiro com isso, ou falar que fui para o deserto e conversei com um monte de anjos. Mas a Meyer e o Coelho já fazem essa papel muito bem, e eu não quero ter a rePUTAção que eles tem.

Até ator da Globo eu não quero ser. Esses dias um amigo ficou falando mal do Thiago Lacerda, que ele não era ator e tal, eu concordo, o Lacerda aprendeu a atuar, ele não é nato, como a Fernanda Montenegro (por isso que às vezes dou uma espiadinha em Passione, aquela mulher é extraordinária, como será que ela se sente fazendo programa para lavadeiras??). Ah não, eu gostaria de ser um ator de renome mesmo, ser chamado de pai de alguma coisa, como o Marlon Brando é chamado de 'pai da atuação moderna'. Esqueça essa porra de Marlon Brando, Gian! Ele ficou muito gordo antes de morrer, ninguém gosta dele mais. Ele ficou gordo! E isso eu acho que é algo muito importante...As pessoas falam em gordura o tempo todo, minha mãe é uma delas.

HAHAHAHAHA. Família! Gente, é sério. Chega a ser patético. Vocês já viram aquela série Gilmore Girls? Então, minha mãe é a Lorelai em reverso. Vocês sabiam que ela não sabe nem o nome do lugar que eu trabalho? E os papos dela se resumem à comida e a estar gorda. Isso quando ela não está preocupada que a pia está suja ou que meu irmão (lindo de morrer mas sonso que nem uma porta) comeu as três pizzas que estavam no freezer. Já meu pai é suportável, mas bem distante (ele não chegar a ser o 'Daddy' de Plath, tudo bem), a gente não conversa nunca (porque eu odeio futebol: grama, grama, grama), mas ele já tem uma cabeça mais aberta e não é neurótico por causa de formigas. Meu irmão é a figura mais legal, ele viu uns filmes cults, como O Silêncio dos Inocentes (vocês acreditam nisso???) e Pulp Fiction, e não liga para nada, está aí para o que der e vier, nossa relação é muito interessante, de crescimento, isso é claro, pode continuar se ele não cair no mundo das drogas ou ser morto por um assaltante de ônibus (se bem que ele nunca anda de ônibus). O toque do celular dele é Come As You Are. Lindo! Meus avôs paternos são o máximo. Quer dizer, eu nunca conversei muito com meu avô, o que ele fez mais até hoje foi me dar dinheiro (se bem que hoje em dia nem isso ele faz, será que ele pensa que vai levar para sepultura? 85 anos, pessoal).

Agora, para a minha avó dedico um parágrafo inteiro. Ela me criou, aguentou (e aguenta) todas as minhas crises de depressão, me alimenta, conversa comigo, se importa com meu trabalho e meus estudos, arruma meu quarto, me dá dinheiro, conselhos, vai atrás de remédios e médicos nas minhas crises hipocondríacas. Enfim, a vida dela é um inferno, mas ela já conseguiu me tirar do buraco muitas vezes. Eu estaria morto sem ela, literalmente. Morto, assim como Jane Austen, Charles Chaplin, Bette Davis, Audrey Hepburn e as outras milhares de pessoas que morrem todos os dias.

A morte é algo que eu não aceito, principalmente nessa fase cética da minha vida. A gente morre e acaba, é isso? E aqueles vinte anos meus que se perderam, não vou ser recompensado com uva, pêra e salada mista? Eu iria ter altos papos com Jesus, acho que Deus seria mais aquela figura jurídica, ocupada. Mas se nada disso existir? A gente morre e vira comida (clichês, clichês). Imagina passar a ETERNIDADE debaixo da terra, mas pensando pelo outro lado, passar a ETERNIDADE no céu talvez seria demais para mim, se bem que na vida eterna eu poderia conversar com várias celebridades, mas acho que eu ficaria logo entediado. Eu acabaria achando tudo aquilo um saco. Raul Seixas já deve estar estrangulando Maria nessa altura...

Então, supondo que a morte é o fim, que é a pior das hipóteses, a cada segundo eu vou morrendo. E meus próximos vinte anos? Irão ser brancos como os anteriores?? Será que eu só vou conseguir preencher com filmes, poesia e música? Pelo menos seu eu virasse um poeta cult, eu teria vários bajuladores falsos e assim eu poderia fazer um jantar todos os finais de semana (bem melhor que ir ao show do Bruno e Marrone). E faria jantares no melhor estilo A Doce Vida, um filme muito bom por sinal. Quem quer ler sobre A Doce Vida aí?? Estou só brincando!

Eu ainda não tirei visto, nem passaporte e muito menos carteira de motorista. Minha conta bancária está zerada e eu estou passando a eternidade pagando as Lojas Americanas por causa dos juros acumulados. Isso tudo porque eu comprei centenas de filmes e alguns livros caríssimos. Um prazer culpado, tão bom quanto tirar casca de ferida, mesmo sabendo que pode dar câncer (mas eu acho que isso é mentira, foi minha mãe que disse, e ela é tão confiável quanto o dicionário de Samuel Johnson). Eu acho que vou terminar de pagar essa loja maldita o mais rápido possível, cancelar meu plano de saúde e parar de trabalho no ano que vem. Então eu vou conseguir me concentrar na minha monografia e ler mais, ver mais filmes e baixar mais músicas legais. Mas como eu vou tirar carteira e comprar um carro?? Porque a gente tem que ter um carro não é? Ter um carro para ir à boate e para o show do Bruno e Marrone. Brincadeira, eu quero tirar só para poder fazer meu intercâmbio, mas se eu parar de trabalhar, como eu vou pagar o intercâmbio?? Vocês lembram que meu avô parou de me dar dinheiro? Então...

Eu até pararia de me importar com dinheiro e sucesso se eu conseguisse namorar com alguém que eu amasse. Eu me apaixonei já, eu até amo ainda, mas foquei em alguém muito parecido comigo (que até ama a Björk, não gosta, AMA! Isso é tão raro quando achar um escaravelho dourado que te leve à um tesouro). Escolha errada, Gian, escolha errada. Ele brilha, mas não é para você. Entendam: com ele eu continuaria a ver a vida com uma ávore negra, mas eu riria dela, ao invés de ser sugado por suas raízes.

Acho que eu vou procurar alguém que gosta do Luan Santana! Mas depois de um tempo eu já estaria fingindo crises de melancolia para ficar em casa (e assim pode ver um filme com a Jean Harlow que estaria passando no TCM).

Hoje ainda eu tenho que terminar um conto de Edgar Allan Poe, adiantar minha leitura de 'Pride and Predujice', assistir aos extras de Farenheit - 11 de Setembro, do Michael Moore (teve uma vez que eu perguntei para os meus alunos quem era Michael Moore e ninguém soube responder, mas todos eles namoram, aposto!!), ler algumas críticas de cinema, assistir Molly Shannon (estou muito curioso, ela imita Courtney Love e Julie Andrews), e ainda ver o novo clipe da Rihanna, para poder ter papo na segunda-feira.

Eu vou acabar saindo dessa fossa ou então seguir o conselho de Kafka, a baratinha (o conselho dele está ao lado da página desse blog, é aquele com uma cara que parece uma mistura de judeu com Adrien Brody). E já que eu TENHO que fazer aquele monte de coisas que listei acima e minha mãe já está berrando para eu sair (pois ela vai usar o computador agora para entrar no site da Ana Maria Braga), é melhor eu sair mesmo. E por fala na minha querida Sra. Bates, vocês acreditam que já faz mais de um mês que ela comprou um laptop e nem tirou do plástico?

Tumbas

Eu sou uma santa abortada
Do meu útero seco como o vento
Saem bonecas milenares
Elas andam em grupos, e depois
Grudam em mim como a velhice

Lá se vai um olho, um mecha de cabelo
Um dente, dois dentes, uma
Orelha, um nariz mas
o Sorriso continua como
Pastilhas novas.

Eu nunca as matarei pois
ela saíram do
meu útero
seco.

-------------

I am an aborted saint
From my dry womb like the wind
Leave ancient dolls
They walk in groups, and then
Stick to me like age

There goes an eye, a lock of hair
One tooth, two teeth, one
Ear, a nose but the
Smile continues like
New pads.

I will never kill them 'cause
they left from my
dry
womb.

Gian Luca.

Só quem perde o rumo da vida começa a fazer poesia.


quem
perde
o
rumo
da
vida
começa
a
fazer
poesia.

Gian Luca.

17/09/2010




Parto NORMAl
Criança NORMAl
Adulto Banal



Gian Luca

As Falhas / Flaw

Duas versões de Falhas (uma já postada aqui):



Uma redoma de vidro. As Filhas
De canhões cuspindo cuspindo cuspindo
Silenciam o pedido de orquídeas

Elas
Com seus olhos coloridos
Como glóbulos infantis
Indestrutíveis como a Religião Morta
Jogam com vidas como
Mascam chicletes

Eu, a mulher de trinta, que trinca
Vulgar e de leite
Cigarros e pertences - antes, antes
Dou meu braço para o enlace das bocarras - ossos como
Cubos de açúcar
E em mudez eu passo

Uma passagem entre
O céu e o Inferno
Uma espiada no bunker
Um estudo sobre viventes
Sobre Luz e sombras eu passo
E morro sem gotejar / Uma Falha arquitetônica

Em mim
O ar e o ar a terra a mesa
Em mim nada

A pólvora povoa os campos as
Estradas adubadas por
Globos escuros e cavos.

---------


A bell jar. The daughters
Of the guns spitting spitting spitting
They shut up the orchid's request

They
With colorful eyes
Like infant roll-blood
Invencible as the Dead Religion
Play with life like
They chew gum

Me, the woman of thirty, thirsty
Vulgar and milk-like
Cigarettes and belongings - before, before
I give my arm to the enhancer of the jaws - bones like
Sugar cubes
And in muteness I pass

A passage between
The heaven and the Hell
A peek into the bunker
A study about survivors
Above Light and shadows I pass
And I die dropless / A flaw in the plan

In me
The ar the ar the earth the marble
The gunpower lives in the fields the
Roads fertilized by
Dark globes and hollows.

Gian Luca

15/09/2010

Sometimes, sometimes

Sometimes I feel so superior it is like if I were killing myself and giving you spoiled food.

-----

Às vezes eu me sinto tão superior que é como se eu estivesse me matando e te dando comida estragada.


Gian Luca.

Giant

Sob o véu enferrujado - A vaga da
Vida
Sorri-me como arranca meus
Pais

Uma orfã torta
Que não entende a bebedeira
Da mulher giganta

Um pedacinho de carne
Suco, cama e pesadelo
É o que ela me oferece
Um descuido no encontro

De seus dedos, como pilastras gregas,
Escorrem a banha de hoje
Ela não vê o Futuro
Ela não vê a Morte
Ela é ridícula como a Fraternidade

Meus pés são asas pretas
Queimadas de passos
Passos, passos, passos
Para quê tanta andança e estancamento?

Roubando Sexton
- E eu não ligo em roubar, vomitar, comer - :
Estou cansada de ser corajosa.

Gian Luca

----------

Under the rusty veil - The gap of the
Life
Laught at me like dragging out my
Parents

A broken orphan
Who does not get the inebriation
Of the giant woman

A piece of meat
Juice, bed and nightmare
She offers me
A careless happening in the meeting

From her fingers, like greek pilasters,
The fat from today it drains
She cannot see the Future
She cannot see the Death
She is ridiculous as the Brotherhood

My feet are black wings
Burned from walks
Walks, walks, walks
Why so many walks and tightness?

Stealing from Sexton
- and I don't care stealing, vomiting, eating - :
I am tired of being brave.

Gian Luca

14/09/2010

Man

W

- T - ombs



W

- T - ombs



W

- T - ombs



Gian Luca

13/09/2010

Maçãs

Meu corpo empilhado
Como bebês judeus
Uma vida. O que é uma vida
Para mesas absurdamente redondas
Como maçãs, maçãs vermelhas ?

Enquanto eu morro acessivelmente
Você respira como uma mulher antes
Do câncer irrevogável
E isso me irrita.

Eu sou obrigada a aguentar
A ilusão dos vivos
A farsa, a farsa

Sem poder
Dormir sob o sorriso
Dos orifícios e das mandíbulas
A casa das minhocas - A Vida
Os verdadeiros pequenos cristos.

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My stacked body
As jews babies
A Life. What is a life
For astonishing round tables
Like apples, red apples?

While I die, accessibly...
You breathe like a women before
Her ultimate cancer
And it annoys me.

I am obliged to stand
The illusion of the live people
The farce, the farce

Without being able to
Sleep under the smile
Of the nozzles and jaws
The house of the earthworms - The Life
The true little christs.


Gian Luca

12/09/2010

Lots of

Detesto ver (n) ão.

Gian Luca

My truth

A poem per day and you have one more chance to fly away.

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Um poema por dia e você tem mais uma chance de escapar, eu diria.


Gian Luca.

Like a child

When my soul permits
A crafty hesitation
I saw her like
A child, a bright child, a child
Eating
My future.

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Quando a minha alma permite
Esse vacilo astuto
Eu a vejo como
Uma criança, uma criança brilhante, uma criança
Devorando
Meu futuro.


Gian Luca

11/09/2010

Tell me, dear

Diga-me, querido

Eu te aterrorizo
Com a minha posição quase
Auto-flagelante?

Eu te aterrorizo
Com meu cérebro-relógio
Borbulhando babas de bebês?

Eu te aterrorizo
Quando me escondo
Atrás dos homens da Lei?

Eu te aterrorizo
Quando visto minha roupa de domingo
Um vestido feito de morcegos?

Eu te aterrorizo
Quando você me faz ficar nua
E exponho meu corpo de larvas
Como uma mulher sessentista?

Eu te aterrorizo
Quando digo que odeio
Mulheres aniquilando seus corpos
Para a perpetuação da bíblia?

Eu te aterrorizo
Quando não grito?

Diga-me, querido
Eu te aterrorizo?

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Tell me, dear

Do I terrify you
With my position almost
Self-suffering?

Do I terrify you
With my clock-brain
Burning baby-bubbles?

Do I terrify you
When I hide
Behind the men of Law?

Do I terrify you
When I wear my Sunday-clothing
A dress made by bats?

Do I terrify you
When you make me naked
And then I expose my worm-body
Like a 60s' woman?

Do I terrify you
When I say that I hate
Women annihilating their bodies
For the perpetuation of the bible?

Do I terrify you
As I do not scream?

Tell me, dear
Do I terrify you?


Gian Luca

Lots of

Odeio pessoas anaufabetizadas.


Gian Luca.

When I go

When I go to a cemetery
I do like to see not
Dead people
Similling at me.

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Quando eu vou à um cemitério
Eu gosto de ver não
Pessoas mortas
Sorrindo para mim.

Gian Luca

Lots of







Adúlteros Adulados







Gian Luca

Lots of

Está na hora de apagar as velhinhas...

Gian Luca

10/09/2010

Falha

Uma redoma de vidro. As Filhas
De canhões cuspindo cuspindo cuspindo
Silenciam o pedido de orquídeas

Elas
Com seus olhos coloridos
Como glóbulos infantis
Indestrutíveis como a Religião Morta
Jogam com vidas como
Mascam chicletes

Eu, a mulher de trinta, que trinca
Vulgar e de leite
Cigarros e pertences - antes, antes
Dou meu braço para o enlace das bocarras - ossos como
Cubos de açúcar
E em mudez eu passo

Uma passagem entre
O céu e o Inferno
Uma espiada no bunker
Um estudo sobre viventes
Sobre Luz e sombras eu passo
E morro sem gotejar / Uma Falha arquitetônica

Em mim
O ar e o ar a terra a mesa
Em mim nada

A pólvora povoa os campos as
Estradas adubadas por
Globos escuros e cavos.


Gian Luca

07/09/2010

Você

AdultOS ADULTerados












06/09/2010

Salvação

No ano zero

Provetas alucinadas - Verdes
Para essa minha pele marrom
O branco do azulejo
Os manequins aterrorizantes
Os passos como reuniões de guerras
Como fatias de mussarela

O céu tão vazio como empresas
O chão cheio de cacas
Cacas, cacas, cacas

Casa, cascas

Aos dez
Eu vivo à sombra
Dos congelados
A escola como gigantes mortos

Aos vinte
Eu habito a tumba de um sábio
Dê-me sangue azul
Que assim eu te destruo
Em dois minutos

Aos trinta
Tire as minhas infecções como tiram
Fraldas de bebês
Feridas depois de queimar-se
Nas mortalhas para cupins - Caixas exatas

Livre-me da poesia
Que eu te livro de presenciar
Um suicídio monótono

Não me faça voltar
Para as peças de olhos verdes.

Gian Luca

02/09/2010

As mulheres

A noite - Saia branca
Encarquilhada - Engessada por causa
Das lambidas dos efebos
Os séculos não ensinaram nada

Um líquido amarelo
Fedorento como igrejas
Escapa da saia - Um gritinho aquém
E como o fluxo de um rio - Uma cobra cega
Escorre pelo asfalto sem me tocar

Meus dedos são paliçadas romanas
Para os romanos - Sóbrios como venenos
E não para
Luas cheias mensais imprestáveis e humilhação
Sangue, bebês - De que me servem?

Dourado e escondido
Como moeda de bolso
De colecionador
Eu respiro na floresta negra
Da androginia ativa. O sol como redingotes vermelhos.

Gian Luca

01/09/2010

Dama de Ferro

A ciranda
Beiços, crespos, gessos
Nove brasas ascetas
Queimando adultos esbranquiçados

O jorro do jogo
Verde, vermelho
Um globo de ouro
Sem o Mar
Chãos de corrente

A Vitoriana não dança
Arquétipo cinzento
A boca preta
Como coelhos mortos

Fogo, fogo, fogo
Se contorcem
Línguas amadas e as roupas
Coloridas que nem nuvens
Arrumadinhas que nem criadas.


Gian Luca