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04/06/2010

E.T. - O Extraterrestre (1982)

Steven Spielberg, assim como Frank Capra e Alfred Hitchcock, tem seu nome tão conhecido quanto os filmes que produziu. Desde suspenses, como Tubarão, passando por vidas alienígenas em Contatos Imediatos de Terceiro Grau e o filme a ser criticado aqui, aventuras como Caçadores da Arca Perdida, até o nazismo, A Lista de Schindler. É um diretor que se mostra tão versátil em suas realizações (e habilidoso em todas elas) como George Stevens e Stanley Kubrick. Sua grande marca está no sentimentalismo que aplica nas obras e a aproximação que faz com o espectador.

E.T. - O Extra-Terrestre conta a história de um ser marrom, baixo e com um pescoço alongado que é deixado na Terra acidentalmente por seus companheiros de nave espacial. Ele logo é encontrado por Elliot (Henry Thomas), um garoto de classe média que vive com a mãe separada e dois irmãos, Michael (Robert MacNaughton), o mais velho, e Gertie (Drew Barrymore, uma gracinha na época, com apenas 5 anos), a caçula. Spielberg é mestre em nos deixar o mais confortável possível com a situação, antes de ET ser encontrado. O diretor nos apresenta uma casa grande e aconchegante, Elliot e seus irmãos com alguns outros amigos brincando numa grande mesa, brinquedos e jogos espalhados pela casa e uma pizza (que foi divertidamente pedida escondida de Mary - Dee Wallace - a mãe do trio) a ser entregue. Assim como em "Contatos Imediatos", o ambiente familiar de classe média (ambiente onde o próprio diretor fora criado) é o mais propício para uma situação inesperada.

















Elliot não é o que pode ser chamado de "criança-problema", apesar de não se conformar com a separação dos pais e responder a mãe em algumas situações, ele não vai ser uma criança problemática que crescerá e aprenderá o valor da família com a chegada de ET e blá blá blá. Não é esse tipo de sentimentalismo que o diretor emprega na obra, o que seria terrivelmente clichê e maquineísta, pelo contrário, Elliot amadurecerá naturalmente por causa da situação, tornando seus sentimentos mais sólidos, em suma, ele vai crescer mais rapidamente, mas mantendo a inocência necessária para a idade.

Steven Spielberg constrói sem pressa a relação de amor que surge e vai se modelando entre ET e Elliot, o que explica as duas horas de filme, já que o encontro dos dois é feito nos primeiros dez minutos. O garoto começa mostrando objetos e explicando suas utilidades, a criatura, por sua vez, mostra aos poucos suas habilidades extraordinárias, como a capacidade de curar pequenas feridas, levitar objetos e pessoas e até falar! A frase "ET phone home" é com certeza uma das mais famosas do Cinema. Spielberg ainda nos diverte com cenas adoráveis, como ET brincando na banheira ou escondido entre os vários bichos de pelúcia da família e a engraçada comemoração de Halloween, com direito a uma homenagem a Star Wars, com a impagável "aparição" de Mestre Yoda.













É nesse ponto que o diretor está livre para fazer o que quiser, afinal, quem sabe quais são os verdadeiros poderes de alienígenas, se é que eles existem? É por causa disso que acabamos por acreditar em tudo o que está acontecendo na tela, inclusive a criação do comunicador, que na verdade realmente procede na vida real, agora se poderia se construído por um alienígena é outra história. Até mesmo a estapafúrdia dependência física e mental que surge entre o garoto e o extraterrestre é convincente, essa dependência é uma forma encontrada para mostrar a grande relação de amor que se estabeleceu entre os dois, e funciona, pois ao final do filme já estamos aos prantos.

Alguns aspectos da obra não são muito explorados, como por exemplo, a separação dos pais das crianças, ela serve mais como um pretexto para criar em Elliot (e também em seus irmãos, é bom deixar claro) um 'buraco' que será preenchido por ET, a influência da criatura não se restringe à Elliot, toda a família - inclusive sua mãe, que se mostra alienada antes de saber da existência dele - sofre uma modificação para melhor.


















Já a parte técnica é impecável, a criatura, que já era maravilhosa na época, foi modificada antes do relançamento, em 2002, tornando seus movimentos mais flexíveis e, por conseguinte mais críveis. O filme foi todo remasterizado digitalmente e ainda novos efeitos especiais foram inseridos (o vôo de Elliot e ET na bicicleta nunca foi tão emocionante), e as armas dos agentes do FBI foram substituídas por walkie-talkies através da intervenção de computadores na fita original. E claro, não posso deixar de citar a trilha sonora magnífica do mestre John Williams, que criou várias das maiores trilhas cinematográficas, tantos em outros filmes de Spielberg, como "Tubarão" e "Os Caçadores da Arcar Perdida", como em "Star Wars" e Harry Potter.

E.T. - O Extraterrestre, citando as próprias palavras de seu realizador, é um filme que não envelheceu, ele se torna cada mais vez apaixonante, uma ótima opção para fugir da realidade cruel da vida por algumas horas e, quem sabe, voltar a ser criança. Uma fantasia admirável.

3 comentários:

Cristiano Contreiras disse...

Teu belo texto é pura nostalgia, é um trabalho primoroso de Spielberg e altamente emocional!

Jean R disse...

Fico tão comovido com este filme, uma bela obra de Spielberg.
Me lembro bem qd estreiou no cinema, eram filas enormes. Da uma saudade mesmo, lendo este seu texto. E a cena das bicletas voadoras é um marco. Me lembro uma vez que eu estava numa festa no centenário, e no telão passou esta cena da fuga de bicletas Achei que só eu estava de olho no telão, paralisado. Qd as bicletas voaram, sobre os agentes, algumas pessoas aplaudiram e eu tb.
Foi um momento emocionante. Pq o som tava alto, e as pessoas ficaram vidradas no telão, foi demais.
A magia do cinema...de verdade.

Andinhu disse...

Adoro este filme, meu 2º Spielberg preferido. Um clássico, que já é imortal.