Acordando no Inverno (Waking in Winter)
Eu consigo provar o estanho do céu – o verdadeiro estanho.
O amanhecer invernal é da cor do metal,
As árvores enrijecem no lugar como nervos queimados.
Por toda a noite eu tenho sonhado com destruição, aniquilações –
Uma reunião de gargantas cortadas, e você e eu
Avançando no Chevrolet cinza, bebendo o veneno verde
De gramados tesos, as pequenas lápides de tábuas,
Em silêncio, em rodas de plástico, a caminho do resort à beira mar.
Como os balcões ecoam! Como o sol ilumina
Os crânios, os ossos desatados encarando a paisagem!
Espaço! Espaço! Os lençóis da cama estavam se entregando totalmente,
As pernas do chalé se derreteram em terríveis atitudes, e as enfermeiras –
Cada enfermeira remendou sua alma de uma ferida e desapareceu.
Os convidados de morte não ficaram satisfeitos
Com os quartos, ou com os sorrisos, ou com as plantas artificiais.
Ou com o mar, silenciando as suas consciências descamadas como a Velha Mãe Morfina.
Sylvia Plath.
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