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27/06/2011

Aborto

Veste branca. Castelo branco.

As notícias passam despercebidas como os anjos.

Pés gelados e uma conversa morna entre o silêncio e o silêncio.

Um olhar competente atrás, atrás.

O tempo parou sozinho.


Nas paredes brancas milhares de olhos gelatinosos

Formam um papel de parede. Há um mar repleto de peixes ali.

Ele forma um brinquedo com as mãos, ele é um mágico.

Irá me transformar para sempre.


Eu sou uma convidada de honra e é por isso

Que há uma sandália de prata nos meus pés.

Um ruído é como uma canção de ninar. Adormeço

Nos braços de Castela e Bathory com seus quepes sujos.


O sangue é discreto e macio.

Estou limpa como uma virgem.

Cada pedaço é retirado com cuidado

Como se fossem dentes de ouro.


O líquido é posto num jarro, um achado.

Dali por diante ele vai se misturar com os musgos

E um verde terrível penetrará meus sonhos.

Eu sou aquela que parou de sonhar.


Gian Luca.

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