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25/11/2012

The Cheat (1915)


The Cheat (ou Enganar e Perdoar), dirigido por Cecil B. DeMille, é um dos filmes mais marcantes da era muda de Hollywood. DeMille, mais famoso por seus grandes épicos como Os Dez Mandamentos, conduz com maestria essa história de vingança e traição protagonizada por Fannie Ward (conhecida na época por sua eterna juventude, já que parecia nunca envelhecer), e pelo grande ator japonês Sessue Hayakawa, que décadas depois ficaria marcado por seu papel de general durão em A Ponte do Rio Kwai. Hayakawa se destaca por ir contra a maré no estilo de atuação que consagrou o cinema mudo mundial (principalmente o alemão e o americano), mantendo um desempenho contido e sem os ‘exageros’ típicos (mas necessários) da época. O ator consegue se expressar com gestos simples e com o olhar marcante. Entretanto, Ward também brilha com sua delicadeza e desespero que vai se agravando no desenrolar da época. 





Sobre a estrutura da película, DeMille faz o melhor uso do efeito das sombras e do efeito claro/escuro para contar a sua história (destaque para a cena clássica em que apenas as sombras de duas personagens são mostradas, para realçar o efeito do suspense), além de abusar da liberdade que Hollywood possuía antes do código de censura. A cena em que a personagem de Ward é marcada por um ferro em brasas, como um boi, com certeza traria problemas dentro de uma Hollywood censurada anos depois. O efeito da cena é bombástico, digno de um grande cineasta que fez história nas duas fases do cinema, mas que talvez tenha sido mais feliz na primeira. Mostrar uma relação interracial naquela época era para poucos (a única concessão do diretor foi mudar a nacionalidade do personagem de Sessue, de japonês para birmanês, já que não cairia bem um país aliado dos EUA na Primeira Guerra Mundial ser mostrado como ‘inimigo’). 



Outros grandes trabalhos que podem ser destacados dessa época é Carmen (1915), protagonizado pela cantora de ópera Geraldine Farrar e o arrasador de corações Wallace Reid, e Perseverança (1917), com Mary Pickford. De Mille foi, sem dúvida, um grande diretor, contador de histórias e estilista cinematográfico.




 O filme completo no Youtube (sem legendas):