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25/08/2011

1990

Luzes de neon,

Suas garras ajustam meu vestido.

Naja de loja

Que criou duas crianças:

Uma é pálida como seu ventre,

A outra adormece e incha.


Sei de tudo.

E cato os piolhos como se pilota avião.

Do sangue da cabeça faço drinks,

Você bebe e mata um marido -

Um, dois, três, quatro,

Todos meus pais de primeira viagem.


Um casou e a mulher

Te enjoa como água benta.

Você lhe deu cortinas tão novas -

Brancas, brancas, brancas -

Agora elas se comportam como sereias.


O outro foi para a cidade

E o estupraram no terceiro dia.

Começou a escrever um diário.

Os últimos meses de papel

Foram abençoados por tarôs e fontes.


Gian Luca.

09/08/2011

Safra 2011

A estrada não é mais pura

Nela habitam vozes maternas e não há surpresas.


A voz do caminhoneiro é suave como sua vida,

Seus olhos piscam de ternura.


As árvores são como deusas. Suas raízes

e folhas adormecem no escuro eterno. O futuro é garantido.


Eu atravesso a estrada com a atenção de um moribundo.

Há um último suspiro para o começo que não se nota;


E de repente. O mistério.

O rabo da raposa é laranja!


As amoras fincam seus destinos como sombras

E o pastor reúne sua família.


Sangue, sangue. O corte

Dos dedos hesita de felicidade


E o amor quase surge.



Um chapéu florido acena como estrela.


Gian Luca