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10/03/2011

Trouble God

O começo



Agora Você terá outra chance

Aqui na minha terra

Eu sou a Santíssima Trindade

Ou mais, mais, mais

Hoje podemos ser tantas coisas!


A começar pelo Éden:

Uma costela não é nada enigmática

Na verdade é muito vulgar

Então, por favor,

Arranque um pedaço do cabelo de Adão

E entregue a Eva

Ela cuidará dele obsessivamente

Continuará sendo vulgar, eu sei

(Todas as mães são vulgares depois dos 40)

Mas nós iremos fazer piada no futuro

Com a nossa frágil mitologia


Acho que já está na hora de tirar a maldição da cobra

Ela já sofreu preconceitos por muito tempo

E pelo eu sei, Você não é um homem preconceituoso

Então porque colocar o peso da humanidade naquelas costas oleosas e sem vida?

É pior que afogar cachorrinhos

Não, não, não

Tire a maldição da cobra

E coloque em uma erva daninha qualquer

As plantas são mais compreensivas


Nada de Caim matar Abel

Isso é pior que novela mexicana

É melhor Abel se apaixonar por Caim

Assim teremos menos um problema infame

(Todos os problemas são infames antes de começarem)


Satã, com sua bunda gelada sentado no trono,

Não é um anjo caído

Ele sempre foi um rei

Assim como Deus sempre foi um rei

Nenhum dos dois precisa de história


Ninguém sem um passado pode ser destruído

É por isso que as crianças são felizes


O meio


Já está na hora de mudar a fama de Herodes

Ele estava muito ocupado se masturbando

Para mandar matar aquele monte de bebês

Vamos simplesmente dizer que ele estava cuidado de assuntos do Estado

E deixou o menino nascer sem mais problemas

Um acaso como aqueles da Inglaterra


Mantenha a pobreza Dele

Isso dá um aspecto vigoroso

Apesar de pouco prático

No tempo que ele ficou na marcenaria

Poderia ter efetuado mais milagres

Uma espécie de Merlin verborrágico


Mas transforme Maria em uma mãe superprotetora

Assim ela ficará menos indiferente à fuga dele aos 12

Afinal ela não foi chamada de prostituta

Para depois deixar o filho escapar como menstruação

Precisa haver uma despedida forte, porém sem lágrimas

O anjo estraga-prazeres pode acompanhá-lo

O menino só tem 12 anos

Ele não pode ser tão forte assim

(A força é uma ilusão dos fracos)


O grande retorno será para resgatar Maria Madalena

Aquela das mechas longas - teias sibilantes

Uma cigana fora do seu nicho colorido

Esperando seu amado para se tornar uma bruxa

E dar a luz a 12 meninos perfeitos

Uma imagem patética como o gigante de Carrington


Cada apóstolo cresce como uma rolinha

Madalena os amamenta e Ele faz o papel de pai

Consegue um trabalho em uma marcenaria

E não há nenhum milagre durante quase vinte anos

Apenas uma família comum, festas sem vinho e mortes naturais


Cada filho cresce com uma característica peculiar

Mas obviamente a de Judas, o filho do meio, é a mais importante

Nada poderia ser feito para mudar aquele filho

Era algo tão forte que a única coisa que Ele poderia fazer

Era abandonar a família e cumprir seu papel que terminou aos 12


O mundo então muda outra vez

Imperceptível como a velhice

Uma fornalha onde as pessoas entram por vontade própria

Verde de ganância guiadas pelo barulho da serpentina


Morrer é realmente uma arte

Ele não veio para trazer a vida

Mas para trazer a morte

A questão sempre foi a morte e o reconhecimento

Ele apenas escondia isso com suas mãos encarecidas como vinagre

E seus olhos da madrugada


A maledicência de Judas cresce como um câncer

E logo os soldados descobrem tudo sobre o seu pai

A crucificação não faz sentido para Madalena nem para seus outros filhos

(Porque as mães e os filhos nunca sabem de nada?)


O que Ele estava fazendo enquanto estava fora?

Porque disse que iria comprar carne e não voltara mais?

O que o governo tinha a ver com tudo aquilo?

Onde estava Judas?

O que era aquela agitação toda?


Aquela tempestade era

Uma nova era

Silenciosa como uma troca de discos.


E então veio a escuridão do sangue.


O fim


O nosso momento começa depois de Hitler

O segundo Messias:

Depois da Grande Queda

A compaixão se tornou um órgão humano

A compaixão se tornou o grande trunfo do nosso século

Junto à descrença, ao amor e à amizade

O suicídio nada mais é do que todos esses sentimentos juntos


Todos os começos são fatídicos

Os judeus empilhados são as nossas estrelas recém-nascidas na noite morna

A radiação, aquela raposa, são as nuvens em forma de novos brinquedos

Fornecendo oxigênio para os nossos escritórios deformados

Rastejamos pelas barras de ferros

E entramos em nossas cavernas decoradas

Espaçosas como o útero


Depois, depois

O suicídio se tornou a forma mais elegante de se viver

(Caminha-se no fio de náilon mais elevado bebendo whisky)


Nós nos tornamos o nosso Deus

Sufocados com tanta divindade

Sem história e sem família

Apenas uma luz de sempre

Sem passado, sem poder ser destruída

Derradeira como a impressão de uma cobra

Deslizando, deslizando

Fugindo do grito como em sonho


A imperfeição é horrível

Ela nos dá filhos mutilados:

Velhos, indigentes e descrentes

Somos os pais de todo o mundo

Em nosso eterno circo de amor


Porque não podemos parar de amar?

Porque não tentamos uma nova abordagem?

Estamos mesmo destinados a nos matar pelos outros?

Naquele dia tudo realmente mudou?

O que ele fez, afinal?

Nos impregnou de amor?

Quem permitiu a mudança de curso?

Quem permitiu que nós enxergássemos?


Antes, antes

Estávamos bem com os nossos reis de três olhos

E nossas ambições ciclopianas.


Gian Luca

1 comentários:

diogo disse...

muito boa essa sua reflexão e foi uito criativo essa sua intertextualidade com elementos biblicos e historicos! parabéns e sucesso!