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07/10/2010

Passado

Foi a primeira coisa que me chamou atenção
É difícil algo me chamar atenção
A maioria das coisas é uma parede
Pintada por crianças imbecis

A careca da mulher era como uma omelete de presunto em prato branco
O lenço que cobria o erro parecia uma cobra magra faminta
Querendo se esquivar para ilustrar outro erro
Outra pessoa, quero dizer

Eu segurava meu livro, meu infinito
Como se ele fosse uma pílula pra dormir
Eu já iria sentar
Para ler uma história interessante

Tudo o que a mulher via era como um glóbulo colorido
De formas e cores bem definidas
Tão definidas como uma lápide
Tão real que ela jamais alcançaria

Tudo o que ela havia tocado até aquele momento
Havia queimado como o hálito de um bêbado
Família, amigos, colegas de trabalho
Ela não teve como controlar

O mensageiro da doença
Esbranquiçava seus olhos
Um ir e vir
Como a contração do ânus

Eu era como um xamã
As crianças grudavam em mim
Como se eu fosse um pirulito rosa

A mulher teve a chance dela

Ela teve.


Gian Luca

2 comentários:

Jacob disse...

Obra sua ? Um leitura agradavel mesmo para o assunto abordado, talento e criatividade.

Parabens!

http://mentalidadelivre.blogspot.com/

M. Araújo disse...

Eu viajo profundamente em qualquer poema que ler, tiro todas conclusões possíveis e impensadas, talvez haja um quê de poetismo nisso.
Quero agradecer por visitar meu blog e dar devida atenção ao problema abordado, toda vez que faço postagens congêneres com à atual é mt comum as pessoas comentarem, pararem pra pensar e responder, chega a ser irônico.