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19/08/2010

O poço

O poço se abre
Como a boca de uma criança mimada
Aterrorizante, esquecida
Cheia de vermes
Reis retintes

Eu
Que já fui Deusa
Estou na borda do poço
Cheia de sangue

Estou suja
Fedida
Dentes podres e pulmão arrebentado
Molhado
Cheio de gente

O poço não implora
Ele é tão silencioso e indiferente
Como o Universo
Ele não precisa
Ele é você

Eu vou cair
Eu vou cair porque estou doente

O ócio é branco
Tão branco quanto ossos
Tão branco quanto anjos

Foi o ócio que me levou até o poço
Ele me joga.

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