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16/05/2010

Nouvelle! Nouvelle!

Jules e Jim (1962)

No final dos anos 50 o movimento de maior importância do cinema francês que influenciaria mundo afora tomou forma: A Nouvele Vague. Nomeado por Françoise Giroud em 1958, o movimento era composto por jovens cineastas insatifeitos com o cinema comercial que estava sendo produzido na França. As características mais marcantes desse estilo eram as trangressões no aspecto comercial, o caráter amoral dos personagens (não por acaso, jovens em sua maioria, evocando os sentimentos dos próprios diretores, como espelho dos cineastas), diálogos profundos e sem muita preocupação com a narrativa em si, trabalhando mais com a sugestão do que com o concreto absoluto.

François Truffaut, cineasta do movimento, faz de Jules e Jim um retrato bastante fiel ao Nouvele Vague. Jules (Oskar Werner) é um alemão que vai passar uma temporada com seu amigo Jim (Henri Serre) em Paris. Lá eles conhecem várias mulheres, todas passageiras. Umas menos que a outras, como é o caso de Térèse (Marie Dubois), que chega a alimentar ligeiramente em Jules algo mais sério. Porém, ela se cansa e parte para outra, sem se importar em procurar outro homem na maior cara dura, com Jules no mesmo recinto. Ah, é bom saber que o estudante alemão pouco se importa. Já Jim, apesar de mulherengo, tem um lado mais ou menos comprometido com Gilberte (Vanna Urbino), mas tenta se esquivar das amarras convencionais do jeito que pode. É Catherine (Jeanne Moreau) que vai finalmente deixar a dupla confusa, conflitando os sentimentos dos pobres rapazes e inquietando a amizade dos dois. No final, Thérèse e sua imitação de locomotiva fora apenas um preparo para algo mais significativo.













O problema mor reside no fato de Catherine ser um espírito livre. Ela se compromete com Jules, mas não promete fidelidade eterna, sequer promete qualquer tipo de explicação quanto a certas atitudes. Os dois se casam e tem uma filha, mas a afirmação de Jim sobre Catherine ser mais como a formiga do que como o gafanhoto não poderia ser mais precipitada. Mas quem pode culpá-lo por tal conclusão? Afinal, Catherine é a rainha, verdadeira musa dos poetas da Era Elizabetana: fria, quente, desapegada, prática, incoerente e despertadora de paixões, ou amores.













Apesar do foco de Truffaut ser no trio, quase como um período de isolamento, ele cede espaço a questões mais 'abrangentes', no caso, a Primeira Guerra Mundial. Só não pense que a obra vai cair no tom melodramático, o movimento sessentista não permite muito espaço para tal. Há as pertinentes reflexões e divagações por parte do personagens, talvez as maiores sendo as declarações de Jules que: A parte arquesora da guerra é que priva um homem de sua própria batalha individual. e Os corações que amam em vão...Meu Deus, como eles causam dor!. Sim, tudo isso existe, consoante com a proposta de mudança de estilo, mas Truffaut chega a empregar virtuosamente um tom circense no filme, entretanto, sem ignorar o principal: a tragédia humana.

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